quinta-feira, 14 de maio de 2020

Conto de William Shakespeare

Conto de inverno

Leontes, rei da Sicília, tenta convencer seu melhor amigo Polixenes, rei da Boêmia, a prolongar sua visita um pouco mais. No entanto, Polixenes, estando ausente de seu reino já por longo tempo, está decidido a voltar a Boêmia. Leontes envia sua esposa, a rainha Hermíone, para tentar convencer Polixenes a ficar e, para sua surpresa, ela o convence muito rapidamente. Assim, Leontes começa a suspeitar que algo está acontecendo entre os dois e ordena a um dos seus servos, Camilo, que envenenasse Polixenes. Camilo, porém, embora fiel, percebe a loucura de Leontes, adverte Polixenes, e ambos escapam da Sicília.

Leontes acusa publicamente Hermíone de traição e a lança na prisão, onde ela dá à luz uma menina. Leontes envia dois mensageiros ao Oráculo de Delfos para consultar se a esposa lhe fora fiel ou não. Enquanto isso Paulina, esposa de Antígonus, nobres da corte, se oferece à amiga Hermíone levar a menina ao rei para tentar acalmá-lo. Leontes, porém, mais se enfurece e ordena a Antígonus que abandone a criança em algum lugar distante de Sicília. Antígonus leva a menina para uma praia deserta na costa da Boêmia, deixando-a em um cesto com ouro e outros itens valiosos, e um papel com o nome "Perdita". Logo depois, ele é perseguido e morto por um urso. Um pastor encontra a menina e traz sua casa onde a criou nos próximos anos.

O Oráculo de Delfos declara a inocência de que Hermíone e Polixenes são inocentes e que Leontes não terá herdeiros até que sua "perdida" volte para a Sicília. Leontes mesmo assim duvida e ordena ao juiz prosseguir o julgamento. Mamilus, o primeiro filho do casal, com dor e vergonha pelas alegações e pela prisão de sua mãe, morreu. Ao ouvir a notícia da morte de seu filho, a rainha Hermíone desmaia. Paulina informa o rei de sua morte. leontes arrepende-se e passa a acreditar na inocência de Hermíone.

Na Boêmia, o filho do rei Polixenes, o príncipe Florizel, se apaixona pela filha de um pastor, chamada Perdita. Polixenes e Camilo o descobrem e, disfarçados, participam da "festa da tosquia" na casa do pastor e, após Florizel declarar seu amor a Pedrita ao rei, este revela sua identidade com raiva, não permitindo o enlace do filho com uma plebéia. Polixenes proíbe o noivado, mas Camilo, já saudoso de sua terra natal e de seu penitente rei, propõe e ajuda Florizel e Perdita, juntamente com o pastor, escaparem para a Sicília. Lá são bem recebidos por um Leontes culpado e deprimido.

Leontes se lamenta aos recém chegados contando sua triste história. Ao falar da filha, e considerando as datas, o pastor percebe ser Perdita a filha do rei e o declara, mostrando seu vestidinho, que levara consigo, juntamente com o ouro e os outros itens valiosos. Paulina reconhece o vestido com que seu desaparecido marido, Antígonus, levara a menina, confirmando a suspeita que o próprio Leontes tinha, dada a semelhança da menina com a mãe.

Leontes se alegrou em ver a filha, mas ainda mais se entristeceu por Hermíone. Paulina diz ao rei ter encomendado uma escultura da rainha e leva o rei para vê-la. Ao notar que a escultura era de uma Hermíone bela, mas envelhecida, Paulina lhe diz que maravilhoso era o talento do escultor que lhes previra as formas da idade. Encantado, Leontes diz que beijará em amor e penitência a escultura, tamanha sua perfeição. A escultura então começa a se mexer e devolve a Leontes o abraço, pois era a própria Hermíone que, vendo a contrição do rei, perdoa-lhe todos os sofrimentos. Paulina mentira sua morte, considerando ser a única forma de salvar-lhe a vida, e a ocultou em sua casa por todo esse tempo.

O penitente Leontes finalmente reencontra a alegria e tanto mais que Polixenes, adivinhando a razão do sumiço de Camilo e Florizel, se apresenta na Sicília e participa da alegria geral, agora abençoando o enlace de seu filho Florizel com a princesa Perdita.